Na sexta-feira, dia 8 de Março, o Museu da Gente Sergipana inaugurou a exposição de duas instalações interativas – “Fogão Solar” e “Vida no Manguezal” -, cuja realização se deu a partir de projetos e atividades desenvolvidas por estudantes e professores dos colégios estaduais da zona Sul de Sergipe envolvidos no projeto Arte com Ciência. A cerimônia de lançamento contou com a presença dos responsáveis pela criação dos trabalhos, além da equipe de coordenação do Arte com Ciência e do superintendente do Instituto Banese e diretor do Museu, Ézio Déda. A previsão é que as instalações permaneçam no local por mais quatro meses.
Mais do que apenas observar, os visitantes da exposição terão a possibilidade de interagir com os trabalhos apresentados, que contemplam mutuamente os campos da arte, ciência e tecnologia. O dispositivo do fogão solar, por exemplo, permite a manipulação virtual de determinadas variáveis relacionadas ao processo de cozimento específico do uso dessa tecnologia – que apresenta como principais vantagens seu caráter ecologicamente sustentável e o baixo custo. Já a instalação “Vida no Manguezal”, simula o ambiente de pesca do aratu, ressaltando a importância da preservação dessa espécie para o equilíbrio do ecossistema, além de abordar aspectos culturais e sociais relativos ao crustáceo, prato típico da região sergipana e fonte de renda e sobrevivência para muitas pessoas.
Os conceitos apresentados foram elaborados a partir da criatividade e protagonismo de estudantes e professores das escolas estaduais Arabela Ribeiro (Estância-SE) e Raimundo Mendonça (Indiaroba-SE). Os dois dispositivos são resultados da Feira de Arte, Ciência e Ecologia, organizada anualmente pelo Projeto Arte com Ciência com o objetivo de promover a produção de conhecimento aliada à fundamentação científica e socioambiental. A elaboração tecnológica do dispositivo ficou sob a responsabilidade do Núcleo de Arte Eletrônica do Departamento de Artes e Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), centro de pesquisa especializado na criação e no desenvolvimento de projetos multimídia, websites e instalações artísticas.
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Dispositivo do aratu simula a pesca do crustáceo e suas especificidades |
Para Rejane Spitz, fundadora do núcleo e professora da PUC, o maior desafio do trabalho foi elaborar dispositivos que estimulassem as pessoas a conhecerem mais sobre aqueles temas: “O aluno de hoje deixou de ser um aluno passivo. O estudante atual é um produtor de conhecimento, principalmente com o auxílio das novas tecnologias. A ciência se torna muito mais fascinante se souber desenvolver a curiosidade dos estudantes, pois a curiosidade é o grande segredo do conhecimento”, afirmou.
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Equipe da PUC-RJ foi responsável pela elaboração tecnológica do dispositivo |
Estudantes e diretores dos colégios envolvidos também marcaram presença no evento de inauguração. Segundo Saulo Santos, aluno do Colégio Arabela Ribeiro e um dos estudantes idealizadores do projeto sobre o fogão solar, a conexão tripla entre escola, universidade e sociedade é de grande valia para a educação: “Esse projeto mostrou que também somos capazes de fazer ciência. Além disso, é muito importante colocar esses temas em discussão, pois o fogão solar e a pesca do aratu abordam assuntos relevantes”, declarou. A previsão para esse ano é que mais três dispositivos sejam finalizados a partir da seleção dos melhores trabalhos da Feira de Arte, Ciência e Ecologia realizadas nas escolas de Ensino Médio de municípios do sul sergipano: Colégio Arabela Ribeiro (Estância-SE), Colégio Gumercindo Bessa (Estância-SE), Colégio Comendador Calazans (Santa Luzia do Itanhy) e Colégio Raimundo Mendonça (Indiaroba-SE)
Saulo Barreto, coordenador do Arte com Ciência pelo IPTI, destaca os principais objetivos da exposição e anuncia que já há planos para que os dispositivos sejam exibidos em museus internacionais: “Uma de nossos principais objetivos é despertar no aluno sergipano a criatividade. O Museu recebe diariamente uma programação extensa de alunos da rede pública. Esperamos então que esses alunos se sintam estimulados ao verem que outros jovens como eles foram capazes de realizar trabalhos de tanta qualidade. Além disso, os visitantes vão poder conhecer um pouco mais da sua própria cultura”, declarou.
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Diretores, professores e alunos das escolas envolvidas prestigiaram evento |
Projeto Arte com Ciência
O Projeto Arte com Ciência foi desenvolvido numa parceria entre o Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Secretaria de Estado da Educação de Sergipe (SEED-SE), com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). O objetivo é consolidar uma metodologia reaplicável de aprimoramento do ensino e da aprendizagem de ciências exatas e naturais, com ênfase nos setores de Petróleo & Gás, Biocombustíveis e Petroquímica, através de uma abordagem que explora a relação entre arte (sensibilização), ciência (método) e ecologia (meio-ambiente), aplicada a instituições de nível médio.
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